27/03/2024
Manutenção de equipamentos em diferentes regiões do estado e o trabalho de referência do Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras (Ietap) e do Hospital Estadual Santa Maria (HESM) buscam reduzir a transmissão da doença
O Dia Mundial da Tuberculose neste domingo (24/03) acende um alerta para a doença, que é motivo de preocupação dos especialistas pela dificuldade no tratamento e o grande número de mortes provocadas, chegando a mais de um milhão de óbitos no mundo a cada ano, segundo o Ministério da Saúde. Pensando em aprimorar o diagnóstico e evitar que mais pessoas sejam vítimas da doença, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), por meio da Fundação Saúde, tem acelerado o diagnóstico e a identificação de casos no estado do Rio de Janeiro. Somente em 2023, nas duas unidades de referência, mais de 4 mil testes rápidos foram realizados para identificar a doença.
Em agosto do ano passado, a SES-RJ finalizou a manutenção de 10 equipamentos de Teste Rápido Molecular (TRM-TB) em sete municípios do estado (Belford Roxo, Duque de Caxias, Magé, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, São Gonçalo e São João de Meriti). Essas máquinas estão sendo utilizadas desde 2014 no Brasil e o estado do Rio possui atualmente 34, todas fornecidas pelo Ministério da Saúde. O financiamento desse serviço foi possível a partir de cooperação firmada entre a SES-RJ, Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), com recursos cedidos pela parceria com a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Além dos equipamentos que aceleram o diagnóstico em outras regiões do estado, na capital e na Região Metropolitana, há duas unidades hospitalares de referência à doença, o Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras (Ietap), em Niterói e o Hospital Estadual Santa Maria (HESM), na Capital. No Ietap, em 2023 foram realizados 3.364 exames TRM-TB, 100 a mais em relação ao ano anterior. No HESM, no mesmo ano, aconteceram 1.268 diagnósticos, 31% a mais do que em 2022.
“Com o diagnóstico precoce da Tuberculose, o tratamento pode ser iniciado mais rapidamente, fazendo com que a cadeia de transmissão do bacilo (e consequentemente da doença) seja interrompida. A interrupção da cadeia de transmissão do bacilo faz com que menos pessoas sejam acometidas e adoeçam”, explicou a diretora do Ietap, Eliane Denites.
Outros exames além do TRM-TB também são feitos nas unidades, como a baciloscopia de escarro (Baar), broncoscopia e cultura para microbactéria, que ajudam a identificar se o paciente está ou não com a doença. Em 2023, 408 pacientes foram internados com tuberculose nos dois hospitais.
“A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível. A bactéria que causa a tuberculose também conhecida por bacilo de Koch é disseminada quando uma pessoa infectada tosse, fala ou espirra. Com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado sendo iniciado o mais rápido possível, temos mais possibilidades de prevenir a transmissão”, explica Carlos Enaldo de Araújo, diretor do Hospital Estadual Santa Maria
Números da Tuberculose
Em 2023, segundo a Gerência de Tuberculose da SES-RJ, foram registrados 18.365 casos totais da doença, sendo 13.994 novos adoecimentos em todo o estado, com 794 óbitos. Por ser uma doença infecciosa crônica, os dados de desfecho para tuberculose podem somente ser consolidados no ano posterior, diferente do que acontece com as chamadas doenças agudas (meningite, influenza, sarampo, poliomielite etc). Assim, as informações sobre êxito dos tratamentos serão conhecidas apenas em 2025.
Embora tenha cura, a doença requer um tratamento prolongado, que não dura menos de seis meses. Um dos desafios para o combate à doença é que muitos pacientes interrompem o tratamento antes do prazo, por vários motivos, mas principalmente devido a vulnerabilidades sociais.
Diante deste cenário, a SES-RJ publicou o Plano Estadual de Controle e Eliminação da Tuberculose no Estado do Rio de Janeiro (2021-2025) que propõe um conjunto de estratégias, para um período de cinco anos, relacionadas à vigilância, prevenção e tratamento da doença. O Plano tem como objetivo central garantir medidas que permitam diminuir a incidência e a mortalidade por tuberculose, por meio de ações que reestruturem a rede de atenção em seus diferentes níveis, da Atenção Primária à assistência especializada.