30/05/2025
Uma cirurgia dupla para entrar para a história da rede pública de saúde do estado do Rio de Janeiro. O Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC) realizou, de forma simultânea, a correção de vazamento de sangue – pseudoaneurisma da artéria – e a fenestração in situ para artéria subclávia pós trauma torácico. Procedimento inédito no SUS. A técnica avançada foi aplicada em um jovem de Teresópolis, Região Serrana do Rio, que sofreu acidente automobilístico e teve uma laceração (corte) da artéria aorta descendente. A cirurgia durou em torno de duas horas e o caso foi apresentado em encontro internacional sediado no Rio de Janeiro. A unidade é administrada pela Fundação Saúde.
Primeiro, a equipe do instituto corrigiu o vazamento de sangue ao bloquear o rasgo de ruptura da artéria aorta, principal e maior vaso sanguíneo do corpo humano, com a colocação de uma endoprótese (stent). Em seguida, ocorreu o procedimento inédito com a abertura de um orifício na malha colocada no stent, permitindo a vascularização do braço e que este não fosse comprometido. A cirurgia durou em torno de duas horas.
O caso do jovem da região Serrana foi apresentado no Simpósio Aorta 2025, que acontece de 15 a 17 de maio, no Rio. O evento abordará exclusivamente procedimentos da aorta e suas doenças e contará com palestrantes dos Estados Unidos, Alemanha, França e Itália, sendo considerado o maior evento internacional dedicado ao tema.
“A técnica cirúrgica combinada é inédita na rede pública do estado. Foi um caso complexo, que possui alta taxa de mortalidade. A endoprótese passou pela artéria femoral até chegar no local do rompimento no tórax, onde foi liberada evitando a expansão do aneurisma. Para restaurar o fluxo sanguíneo do membro superior esquerdo, fizemos a revascularização da artéria subclávia por via endovascular, impedindo assim prejuízos futuros ao paciente”, explicou o cirurgião Raphael Prins, coordenador do Serviço de Cirurgia Vascular e Endovascular do IECAC.
Depois de colidir com um poste ao derrapar na chuva, Miquéias Júnior Demani Cunha, 18 anos, diz ter recebido uma nova chance de vida após passar pelo procedimento na unidade que é referência em atendimento vascular de alta complexidade no estado do Rio de Janeiro.
“Passei 36 dias no Hospital das Clínicas de Teresópolis. Lembro de pouca coisa do acidente. Só que não conseguia respirar direito. Agradeço à toda equipe do Aloysio de Castro pelo atendimento prestado e por ter me dado uma segunda chance de vida, com um atendimento de excelência”, destaca Miquéias Júnior, que volta à unidade no dia 26 de junho para realização do exame de imagem de acompanhamento. A cirurgia de Miquéias Júnior aconteceu no dia 24 de abril.
O trauma torácico possui alta taxa de mortalidade e muito disso está associado às lesões agudas na aorta. Estima-se que 90% desses pacientes venham a morrer no ambiente pré-hospitalar e que 75% dos sobreviventes morram dentro de uma semana, caso não aconteça o tratamento adequado.
Fotos: Mauricio Bazílio/SES